8.3.10

Feirantes obrigados a mudar de vida.

Encerramento foi há 4 anos

Conceição trocou as acrobacias do «Poço da Morte» pelos estudos, José Marques exportou a «Casa Maldita» e Júlia deixou o restaurante e vende peixe, mas todos estes antigos feirantes ainda sonham juntar-se numa nova Feira Popular, mesmo fora da capital.

Desde 1961 em Entrecampos, a Feira Popular acabou por encerrar a 05 de Outubro de 2003, pondo fim a décadas de convivência entre os cerca de 200 feirantes, que fizeram dali o seu modo de vida, e à fantasia de milhares de pessoas que ali se divertiam.

Com o fecho do recinto, os feirantes foram obrigados a mudar de vida, mas ainda têm esperança de começar uma nova aventura num parque de diversões mais adaptado ao mercado actual, que atraia novos públicos.

Foi com muita «tristeza» e «saudade» que António Luís, dono de vários divertimentos na Feira Popular, entre os quais a montanha-russa, viu encerrar o parque, que «durante 40 anos foi o único equipamento de lazer na cidade», e «milhares» de pessoas irem para a rua.

António Luís, presidente da assembleia-geral da Associação da Feira Popular de Lisboa, contou à Lusa que vendeu «barato» alguns equipamentos e outros estão desmontados, guardados num armazém.

É com «muita mágoa» que os antigos feirantes vêem o estado em que se encontra actualmente o recinto: um espaço vazio cheio de entulho, onde resta apenas os escombros do Teatro Vasco Santana e de outros edifícios.

Do velhinho parque de diversões apenas resta, junto às bilheteiras, um cartaz onde se pode ler: «Ao adquirir o seu bilhete está a ajudar a obra social da Fundação o Século».

«Se a feira nunca evoluiu foi porque não houve investimento da autarquia. Hoje ainda podia estar a funcionar, mas a ganância dos terrenos fizeram com que fechasse», sublinhou António Luís, que teve de despedir mais de 40 funcionários.

António Luís neste momento não está a trabalhar. «Tinha um parque de diversões em Braga que também fechou recentemente», lamentou.

«A última vez que passei pela Feira Popular chorei ao ver tudo destruído», disse por seu turno à Lusa Júlia Diogo, que tinha um restaurante no recinto, onde esteve 25 anos, e agora trabalha numa peixaria no Lumiar.

A Feira Popular «era a nossa vida. Casei-me, nasceram os meus dois filhos, éramos uma família», declarou emocionada a antiga feirante, que ainda tem esperança de voltar a trabalhar num parque de diversões mais moderno, «mesmo que fosse na periferia de Lisboa».

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