3.3.10

ISAURA


E surge a Isaura
De seu nome completo Isaura da Conceição Rodrigues, gabava-se com certo orgulho de ter nascido em Alcântara, na Meia Laranja, em berço pobre que depressa a sacudiu para o mundo sem dó nem piedade. Ela própria contava que tinha sido artista de circo, andando durante anos com as companhias por terras de Espanha até se decidir pela Feira Popular, onde montou barraca de pano e começou, com sucesso a fornecer refeições, em 1949.
Atraída pelo bulício do novo Areeiro, a Isaura instala-se no número 4 da Avenida Paris, em 1952, no mesmo edifício onde funciona actualmente, adaptando-se às condições do local, algumas bem curiosas, caso do fornecimento de refeições ao domicílio, transportadas por jovens empregados em marmitas de alumínio colocada numa vara sobre o ombro.
Tal costume prevaleceu até 1962 em vários bairros de Lisboa. Era o "almoço para fora", constava de sopa, um prato de peixe ou de carne, dois pães e uma peça de fruta e custava a módica quantia de quinze escudos.
Invulgarmente supersticiosa, Isaura da Conceição era muito apegada aos santos, especialmente ao Santo Onofre, que tinha como padroeiro do dinheiro, crente que tal devoção lhe trazia a prosperidade financeira que tanto desejava.
A presença que ainda hoje se verifica de uma imagem de Santo Onofre em lugar de honra do restaurante Isaura filia-se nesta devoção que os continuadores do restaurante não tiveram coragem de interromper, não fosse o Diabo tecê-las.

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