6.7.11

Boletim (online) Junta de Nossa Senhora de Fátima - Junho de 2003


Nº 5 - III Série - Junho 2003
Página 12

Feira Popular deverá continuar em Entrecampos
Fábrica de sonhos

Há mais de 30 anos em Entrecampos, a Feira Popular de Lisboa deverá manter-se no local onde se tornou uma referência na vida dos lisboetas. Verdadeira fábrica de sonhos e ilusões, a Feira Popular vai ser reabilitada, mas continuará a fazer parte do nosso património. E das nossas vidas...

A decisão definitiva ainda não está tomada, mas o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Pedro Santana Lopes, anunciou que a Feira Popular de Lisboa deverá manter-se em Entrecampos, ainda que sujeita a obras de melhoramento, que, no entanto, não deverão estar concluídas antes de 2004. A ideia da autarquia é transformar a velhinha feira num moderno parque de diversões, havendo inclusivamente um projecto para a sua construção, que está a ser realizado por um atelier de Sun City, na África do Sul.

De acordo com a imprensa, a actual Feira Popular, tal como a conhecemos, deverá encerrar as portas no dia 31 de Agosto, altura em que se iniciarão as obras do recinto, que deverá ter um parque subterrâneo para estacionamento de viaturas. Segundo o presidente da Câmara, o novo Parque de diversões deverá ser mais pequeno, mas com condições modernas e de completa segurança.

Há muito que a saída da Feira Popular de Lisboa era dada como certa, mas o autarca não está de acordo que a zona, uma das mais nobres da freguesia de Nossa Senhora de Fátima, venha a ser ocupada com escritórios e apartamentos.

Ainda na última edição da nossa revista, em entrevista, a presidente da Junta de Freguesia, Eulália Frazão, havia também manifestado a sua discordância quanto à solução de instalar escritórios de luxo naquele local, sugerindo mesmo a construção do casino nos terrenos ocupados pela Feira Popular. A decisão de manter o equipamento na zona para o qual foi transferido em 1961 significa a continuidade na freguesia de um dos mais fortes pólos de atracção e diversão da cidade de Lisboa.

Tradições e liberdade

Vai distante o ano de 1943, quando ao dia 10 de Junho foi inaugurada na zona da Palhavã, no centro de Lisboa, a Feira Popular. A Feira Popular é um recinto de diversões criado por iniciativa do extinto jornal “O Século” e do seu director, João Pereira da Rosa.

O objectivo era claro: ajudar o projecto social do jornal, a Colónia Balnear Infantil de “O Século”, que ainda hoje perdura com obra meritória, sobrevivendo ao próprio jornal que lhe deu o nome, e já desaparecido. Na noite de inauguração, a 10 de Junho de 1943, 90 mil
lisboetas acorreram ao recinto para comemorar a abertura do novo espaço. “À sua abertura, no Parque de Palhavã, acorreram dezenas de milhares de pessoas na ânsia de assistir a um espectáculo de extraordinário bom gosto, de animação e de colorido”, lia-se no jornal “O Século”, no dia seguinte. Eram tempos pouco animados em Portugal e no mundo. A Europa ardia nas chamas do nazismo e fascismo, enquanto por cá, Oliveira Salazar estava no auge do seu poder. A ânsia de diversão era muita, libertando-se nestes momentos, a tensão controladora que o regime obrigava.

A Feira era, enfim, um espaço de plena liberdade, em que todos se podiam divertir, podiam voar mais alto e sonhar com outras emoções.
Hoje, o sonho e a fantasia mantém-se, apesar de feirantes e promotores da feira não esconderem que o encanto já não é o mesmo. Daí a necessidade de reforma, já assumida pelos responsáveis municipais.

Emoções para todos

Aberta durante a Primavera e Verão, a Feira Popular é, ainda hoje, um ponto de encontro de gerações inteiras de lisboetas, embora o número de visitantes seja cada vez menos. Há seis anos, a Feira recebeu 1,4 milhões de pessoas, mas em 2002 o número desceu para cerca de 400 mil, com os feirantes a queixarem-se dos maus tempos do negócio.

Ainda assim, todos os anos, são milhares os lisboetas que ali se divertem em família, começando pelo jantar, nos vários restaurantes e “tascas” típicas existentes, e prolongando depois a noite pelas barraquinhas de tiros, pelos carrinhos de choque, roda-gigante, montanha russa e outros equipamentos. Ao longo dos anos passados, são poucos, seguramente, os que não se sentaram ao longo das mesas corridas dos restaurantes da feira, provando o frango na brasa ou a sardinha assada, com sala de alface, tomate e pimentos.

Depois, há imagens que nos marcam para sempre: a avó que segue, com o neto, de mão dada; as crianças traquinas com a cara lambuzada de algodão-doce, os olhares “aterrados” das mães ao ouvirem os gritos “histéricos” das filhas que dão a volta no looping da montanha russa.

Tradições que não se apagam, antes se renovam. Mas que fazem parte do património de todos...

Horários e preços

A Feira Popular está aberta durante toda a semana das 16h30 às 24h00 e durante o fim-de-semana e feriados entre as 14h00 e a 24h00.

As crianças até aos 10 anos de idade não pagam entrada.

Para os adultos o preço é de dois euros, embora a partir das 23h00, o preço desça para 1.25 euros. Há descontos para a terceira idade e portadores de cartão-jovem.

Todas as receitas de bilheteira revertem para a Fundação “O Século”, que tem como objectivo apoiar a infância desprotegida.

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